quarta-feira, 13 de abril de 2011

Anjo - Canto II

Afoguei-me
Anjo! por que me abandonaste?
Teu sorriso cândido tornou-se riso de escárnio
Tua face doce se transformou em um esgar
O que te aconteceu, doce anjo?

Ah! mais maligno, mais torpe, mais covarde
É o demônio que se transveste de anjo
É o príncipe que me aprisiona
É o lago sereno que me arrasta ao fundo!

Mais cruel é a lágrima quente
Que escondia teu prazer em meu sofrimento
Oh! abraçar-te, buscar tua ajuda pura
Enquanto erguias teu punhal reluzente...!

Antes gritasses comigo!
Tuas palavras mansas, cristalinas
E eu não via tua alma de gelo... ai!

Sangra-me! sangra-me até a morte
Meu corpo frio será lembrança
Do anjo decaído que visitou meu leito
Oh! belo como Lúcifer
Teus cabelos cor de trigo
Trazem enxofre vestido de jasmim...

Leva-me até teu submundo
Tua escrava, tua boneca
Inanimada, embalada em tuas asas negras
Tão brancas...!
Leva-me ao Éden dos perdidos
Onde Adão e Eva terão sempre seu lugar...

Teus olhos tornam-se brasas!
Temo; não ouso fitá-los
Sou sombra agora, sombra da donzela meiga que outrora fui
Estás sobre mim, dentro de mim
E agora sou tua
Desesperadamente tua...

Anjo pérfido, maçã do Paraíso!
Toca-me, tem-me!

Deixa-me...
Menkalinan (23/04/2006)
 
(Continuação da postagem - clique abaixo)

Das duas, uma: ou eu estava em plena TPM ou tinha acabado de ver/ler algum drama de época. Putz, dramalhão! E ainda corrigi alguns pequenos erros de conjugação (verbos em 3ª pessoa quando tentei usar a 2ª, né...). Nem sei se tá certo, mas enfim. Só pra não cair no limbo, resgatei isso.

Tá, como prometido, falarei das novas aulas da pós-graduação, que começaram segunda-feira passada. Aulas sobre bases moleculares da doença e sobre tópicos avançados em Bioquímica. De alguma forma, isso me lembra mais aula do que as aulas de modelagem molecular, mas deixa quieto...

Em tempo: finalmente começaram as práticas em modelagem! A primeira foi sobre desenho de moléculas, submeter uma análise conformacional bem simplezinha e aprender a ler matriz Z. O que podia ser bem fácil se o computador que eu estivesse usando com minha dupla fosse decente. Tivemos de mudar de máquina e tudo e, aos trancos e barrancos, finalmente conseguimos.

Tá, aulas de segunda. Já começaram com a professora (que é a mesma nas duas disciplinas, a R. - melhor não dizer nomes, né?) passando seminários. O de Bases Moleculares é pra segunda agora, sobre porfirias. Já o de Tópicos Avançados... apresentei segunda à tarde.

Bioquímica de Carboidratos. Soa fácil? É porque você nunca teve de fazer um seminário a respeito, então. Tivemos cerca de uma hora de prazo (e certamente extrapolamos). Estrutura, funções, uns dois artigos interessantes a respeito... e eu fiquei com a parte de metabolismo. Gente, fiquei louquinha! Como estávamos em três, em tese deveríamos nos programar pra falar em 20 minutos... mas como é que você fala de digestão, via das pentoses fosfato, glicólise, gliconeogênese, glicogeniogênese, glicogenólise, ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa?!?! Isso por si só já daria uma hora inteira, não concordam? E pra quem me conhece... he!

Bom, estão vendo as vias que coloquei em negrito? Foi pra dizer que foram só dessas que eu falei. Sim, galera, glicogênio (e por tabela as doenças de acúmulo... poxa...) passou longe... e a amilase teve uma ligeira menção, mas me foquei especialmente no metabolismo energético... e mencionei a via das pentoses porque pô! É importante! Gera ribose e NADPH! O QUE SERIA DA GENTE SEM ISSO???

(Tá, parei...)

E eu estava - confesso - apavorada. Estava esperando uma sabatina, sei lá. Críticas ferrenhas, algo do tipo "Por que você não mencionou tal inibidor do citocromo? Por que não falou dos ciclos fúteis? E o glicogênio?". Minhas mãos estavam geladas, sem brincadeira (ok, isso é normal pra mim nessas condições).

Mas isso não aconteceu.

Em vez disso, tivemos uma discussão riquíssima proporcionada pela singela pergunta da R.: "Quais foram as suas impressões enquanto preparavam o seminário, enquanto estudavam carboidratos? O que mudou na visão de vocês desde a graduação?"

De manhã, na outra disciplina da R., a discussão sobre coagulopatias me deixou um tanto encantada. Sabem, ver como as coisas se encaixam e se equilibram para manter o nosso organismo funcionando... ver os mecanismos de que o corpo lança mão para controlar coagulação e anticoagulação... era decididamente fascinante. Mas a discussão da tarde, após o meu seminário sobre carboidratos, soube de uma coisa.

Estou apaixonada. De novo.

Por Bioquímica.

Céus! Como explicar?! Parece que o mundo se abriu e eu enxerguei algo que não via no meu 3º período, quando ralava pra compensar a nota vermelha da primeira prova de Bioquímica. Apesar de ser uma disciplina importante, parece que agora pude observar melhor o que eu estava aprendendo.

Tudo interligado. A beleza de várias vias distintas afluindo para o Ciclo de Krebs, tal qual os rios que correm para o mar. A maquinaria enzimática tão perfeita que transforma, contorna reações irreversíveis em prol da vida. O capricho da Química da Vida mexendo átomo por átomo ao longo da via. A inteligência celular que aproveita até mesmo os elétrons que participam das reações. Os compostos tão simples que formam paredes celulares, fornecem energia, sinalizam dentro de nosso corpo...

Deus.

Eu tinha a incômoda noção de que participava da discussão com um sorriso bobo na cara. Aliás, tinha certeza de que meus olhos brilhavam. Eu tinha vontade de sair gritando "CARBOIDRATO É VIDA, CARBOIDRATO É TUDO!". Eu estava emocionada, eufórica, apaixonada. Completamente envolvida na minha epifania, enxergando os carboidratos da porta de madeira com outros olhos. Tá, acho que agora pirei de vez...

Nem sei mais o que dizer. Na próxima postagem falo sobre o outro lado dessas aulas - o lado que me traz saudade dos tempos de facul, dos tempos de Bio XVI. Era por isso que este post teria saído melancólico, mas decidi falar nisso depois.

Deixem eu ir que preciso ler sobre porfirias pro seminário de segunda...

Kissus!

P.S.: Assim como todo o país, chocada e enlutada pelo massacre da escola no Realengo. Não existe bullying que justifique esse absurdo. E religião menos ainda. Já é um assunto muito grave e triste pra ainda ter gente relacionando isso ao Islamismo. Quem mata inocentes (principalmente da forma como ele matou, pelos relatos terríveis dos sobreviventes) não tem deus nenhum no coração - Deus, Alá, Javé ou qual for. Como disseram na missa de sétimo dia: não olhem a religião do criminoso, mas a índole dele. Mais vale o coração que as palavras de fé ditas a esmo.

Tolerância e paz.

Um comentário:

  1. hahaha...acredita q senti vontade de estudar Bioquímica e dar aquela olhadinha no Mapa "Diabólico"? hahaha. Quem bom q está apaixonada!!! hehehe.
    E dramalhão mesmo! E vc escreveu esse texto com 17!!!

    Bjoooo

    ResponderExcluir